Cabeleireira: Olá, António!
Advogado: Zé das moscas, esta é a Ana Maria, a minha cabeleireira privada.
Ana Maria, este é o Zé das Moscas, o meu amigo de infância.
Zé das Moscas: Muito prazer, minha gata borralheira!
Cabeleireira: Igualmente!
(aparte) Minha gata borralheira… olha para este…

Cabeleireira: (apontando para a cadeira) Sente-se ali.
Zé das Moscas: Ai, meu favo de mel, estou com um problema…
Cabeleireira: (aparte) Outro piropo? Já está a ser descarado…
Então, senhor Zé das Moscas, qual é o seu problema?
Bem… acho que já sei qual é… vejo que tem aí tantas moscas…
Zé das Moscas: Acertou em cheio! Estas moscas não me largam.
Bzz… Bzz…
Elas vêm e vão… voltam e desandam…
Cabeleireira: Vou ver o que posso fazer, mas não me parece coisa fácil.
Sente-se aqui…
Zé das Moscas: (sentando-se na cadeira) Ai caneco! Que dores nas cruzes! Nunca gostei de vir a este sítio.
Cabeleireira: Então e porquê?
Zé das Moscas: Fico enjoado da minha cachola por causa do cheiro a cabelo queimado que anda pelo ar.
Cabeleireira: Só de o ouvir já estou agoniada! (aparte)
Você tem lavado a cabeça?
Zé das Moscas: Por dentro ou por fora?
Cabeleireira: É evidente que é por fora… Bom, e já agora, estou a falar do seu cabelo…
Zé das Moscas: De vez em quando lá lavo a cabeça com a água da chuva.
Cabeleireira: Com a água da chuva?!!! Está a gozar? Isto é para os apanhados?
Zé das Moscas: Apanha… quê?

Cabeleireira: Esqueça! Vamos fazer o que temos de fazer (apontando para o lavatório)
Zé das Moscas: Caneco! Tenho mesmo de que me levantar outra vez? Decida-se! Mandou-me sentar nesta cadeira e agora manda-me para aquela…?
Cabeleireira: Sente-se e deixe-se de conversas. (Põe a água a correr e começa a lavar-lhe a cabeça com champô desinfectante de moscas e de carraças)
Zé das Moscas: Ó minha senhora, vossemecê está a ser tão gentil comigo, mas não precisa de gastar tanta água. Ainda há cinco meses lavei a cabeça. Ainda deve estar limpinha, não acha?
Cabeleireira: (olhando para o lado) Deve haver alguma câmara escondida por aí e eu ainda não dei conta… Mas como não quero fazer figura feia na televisão, vou mesmo lavar-lhe a cabeça e deixá-lo perfumado!!!
Zé das Moscas: Está a falar tão baixinho… não consigo ouvi-la…
Cabeleireira: Não é nada! Estava só a falar de mim para mim! Vamos então continuar a lavar o seu cabelo.
Zé das Moscas: Já que insiste…
Cabeleireira: (enquanto lava o cabelo de Zé das Moscas) Já estou quase a acabar. Só falta pôr um bocadinho de amaciador.
Zé das Moscas: Amaciador? O que é isso?
Cabeleireira: (aparte) Meu Deus! Mas que mal fiz eu a Nossa Senhora dos Aflitos para merecer isto? Ai vida, a quanto obrigas!!!
Vamos agora passar ao corte… Como quer o penteado?
Zé das Moscas: Deixo nas suas mãos. Você sabe melhor do que eu como hei-de ficar bonito. Bom, eu já sou belo, mas vou ficar que nem um regalo. Vou ter paletes de meninas atrás de mim!!!
Cabeleireira: Está bem! Vou fazer o melhor que posso.
Zé das Moscas: (já com o cabelo cortado) Já estou tosquiado. Estou janota!!!
Cabeleireira: Está a ver como não foi difícil! E as moscas foram-se…
Zé das Moscas: Tem razão!
Mas a conta deve ser um balúrdio?
Gastou tanta água… E o sabão que me esfregou na cabeça?
Cabeleireira: (vaidosa e pensando que estava a ser filmada para um programa de apanhados da televisão) Ah! Não é nada! Fica por conta da casa.
(Zé das Moscas sai e a cabeleireira olha, volta a olhar e não vê nenhuma a câmara de filmar)
Cabeleireira: Não encontro nenhuma câmara…
Queres ver que fui enganada por aquele saloio?
Texto elaborado pelos alunos do 7ºB
Sem comentários:
Enviar um comentário