quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Carta a alguém especial - "Arroz do Céu"

Olá querida avó
Tudo bem? Como estás?

Eu cá estou bem e os estudos vão indo normalmente, apesar deste ano ter que trabalhar muito mais. (Sabes que estou a atinar a matemática? O setôr é fixe e muito giro, o que também ajuda muito…) Bom, isso agora não tem importância. Aqui em casa as coisas vão mais ou menos. A mãe não consegue arranjar emprego. Estes malucos só querem pessoas novas.
Já o pai, felizmente conseguiu arranjar emprego. Trabalha como limpa-vias no
Las Vegas, 3 de Fevereiro de 2011
subway e até lhe chamam toupeira. Ele limpa de tudo e, mesmo assim ganha muito pouco. Comemos quase sempre arroz. Todas as semanas o pai traz arroz para casa. E agora tu perguntas como é que ele, ganhando tão pouco consegue trazer comida para casa? Fácil! Muito fácil!
Na esquina de uma rua, há uma igreja, a de São João Baptista e do Santíssimo Sacramento, onde, todos os Domingos há sempre que se casa onde assistem multidões de convidados. Depois de casados, os familiares e amigos dos noivos deitam cabazadas de arroz em cima deles. Metade cai logo pelos respiradouros e a outra parte é varrida pelo porteiro ou pelo sacristão para os respiradouros para não terem trabalho a apanhar. Depois, o pai apanha o arroz e trá-lo para casa. Deves achar nojento o pai apanhar arroz do chão para nós comermos, mas cada um vive como pode. Mas mãe… faz aquele arroz melhor do que ninguém, os meus irmãos são tão gulosos pelo arroz dela que mal sobra para os meus pais e para mim.
Bom, agora tens de tu a contar-me como vão as coisas por aí. Tenho saudades de dormir em tua casa e contar as constelações antes de me deitar…
Ainda vives perto daquele rio com enormes cardumes de peixes com aquela matilha de cães tão fofinhos? Só não gosto muito do sítio onde moras. É parecido com uma floresta.
Até breve avó. Cumprimentos para o avô e um beijo para o teu neto Felisberto que é um rapaz cinco estrelas (só não gosto do nome.)
P.S- Um dia vou aí visitar-te, para veres como estou crescida.
Uma beijoca

Mariana, 7ºA

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